sexta-feira, 24 de junho de 2011

História da Fonoaudiologia

A fonoauldiologia, bem como a figura do fonoaudiólogo, é recente na história da saúde. O primeiro centro de estudos a oferecer formação naquilo que chamamos hoje de fonoaudiologia foi a universidade Eötvös Loránd, na Hungria, em 1900.  Entretanto, se tomarmos a fonoaudiologia como a ciência que lida com o fenômeno da linguagem humana, é de se esperar que estudos voltados para esse asunto sejam sencontrados em épocas mais remotas, visto que nunca houve uma humanidade sem linguagem.
Datado de aproximadamente 1700 a.C., o Papiro de Edwin Smith é considerado  o texto mais antigo a fazer referência direta ao funcinamento do cérebro.  Nele são descritos 48 casos clínicos, dentre esses algumas descrições de problemas neurológicos com sintômas na fala. 
Importante personagem na história da fonoaudiologia, foi Demóstenes.  Por ter conseguido associar honradez política com o ideal democrático, alguns historiadores o consideram o maior orador de todos os tempos. No entanto, Demóstenes foi gago. Auxiliado pelo ator Sátiro e submetendo-se a um severo tratamento, conseguiu superar suas dificuldades. Conta-se que um de seus exercícios terapeuticos consistia em declamar suas falas com pedras na boca; outra prática era recitar poemas enquanto corria na praia contra o vento.
A figura do fonoaudiólogo começou a formar-se somente no século XIX, quando oradores, políticos, cantores, atores, pregadores que desejavam melhorar o seu padrão de fala, oração ou canto. Aos profissionais desse período costuma dar-se o nome de elocucionistas. Com atividades voltadas para o desenvolvimento da qualidade vocal e da entonação, os elocucionistas abriram caminho para que médicos, psicólogos e pesquisadores viessem a explorar os fenômenos da linguagem de forma sistemática.
Em 1912, Edward Whealer Scripture, médico e cientista publicou um livro sobre a gagueira e problemas de articulação. Em 1928, Sara Stinchfield Hawk tornou-se a primeira doutora na área de patologias da fala e publicou The Psycology of Speech. Ambos pesquisadores foram extremamente importantes na formação da fonoaudiologia e contrinuiram para a fundação da American Speech and Hearing Association.  
O nome Bell não é responsável apenas pela invenção do telefone, mas também por importantes trabalhos na fonoaudiologia. Charles Bell foi professor de elocução; Neville Bell ensinava elocução e fonética e desenvolveu um sistema de análise visual da onda sonora, o visible speech. Alexandre Graham Bell dedicou sua vida à educação de surdos e à comunicação.
A partir da publicação do Curso de Linguística Geral (1916) , ao estabelecer-se como o estudo sistemático da língua, a linguística foi capaz de formalizar os fenômenos da linguagem, criando ferramentas de análise que auxiliam a pesquisa e a clínica fonoaudiológica. Roman Jakobson, juntamente com os demais linguístas do Círculo Linguístico de Praga, divulga as famosas teses de 1929, estabelecendo que a menor unidade linguística é o fonema e que este só toma realidade em oposição a outras unidades.
Na década de 50, Noam Chomsky revoluciona o modo como observamos a aquisição da linguagem. Contrário aos preceitos do behaviorismo, Chomsky aponta que a linguagem não pode ser adquirida pela relação estímulo-resposta. Segundo esse autor, o homem possui em sua estrutura mental um dispositivo natural para operar a língua que é ativado no momento em que a criança trava contato com outros indivíduos falantes.
Nos anos 60, os filósofos da Escola de Oxford, Austin e Searle, põem em xeque a visão descritiva da língua, mostrando que certas afirmações não servem apenas para descrever, mas tambem para realizar ações. Quando alguém diz sim perante um juiz ou padre, ou se dizemos nos encontraremos amanhã pela tarde para um colega, em cada uma dessas frases é realizada uma ação – no primeiro caso ocorre uma aceitação, no segundo, uma combinação. A Teoria dos Atos de Fala foi responsável por uma abertura do horizonte nos estudos da linguagem, pois ao perceber que a linguagem não é uma atividade de descrição,mas uma ação em si, podemos atar os laços entre linguagem e vida.

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